"Ele era mais bonito que as palavras podiam exprimir, e Aschenbach sentiu dolorosamente, como tantas vezes antes, que a linguagem pode apenas louvar, mas não reproduzir, a beleza que toca os sentidos."
Thomas Mann
Dirk Bogarde está excepcional como o compositor Gustave von Aschenbach que, em meio a uma crise artística e pessoal, vai para Veneza para descansar e lá é tomado por uma súbita e arrebatadora paixão pela beleza e inocência do jovem Tadzio, interpretado pelo estreante Bjorn Andresen, numa admiração obsessiva que o consome. Como declara o crítico e teórico Anatol Rosenfeld..."Aschenbach vê no jovem o reflexo temporal da beleza eterna, o ideal sempre perseguido e de tal modo irresistível na sua encarnação que se acha moralmente desarmado diante da imagem perfeita".
Logo, mais do que uma atração homossexual, para Aschenbach a imagem do jovem seria a captura da beleza que a arte se encarrega por eternizar, uma vez que busca na arte a forma física e a perfeição que gostaria de ter.
Visconti optou por trocar a profissão do personagem principal, que no livro é escritor e faz uma homenagem ao músico austríaco Gustav Mahler, cujo "Adagietto", de sua Quinta Sinfonia pontua todo o filme. A música interage como um personagem importante, em uma melancólica e pungente sintonia com a história. Belíssima. Mahler teria realmente inspirado Mann, que era um grande admirador de sua obra, a compor o personagem Aschenbach.
Enfim, "Morte em Veneza" é uma obra-prima do Visconti, um grande momento do cinema, que merece ser visto e revisto, assim como a leitura do romance do Mann.
Mais um filme de minha alma.
:D
Morte em Veneza
(Morte a Venezia / Itália, França / 1971)
dirigido por Luchino Visconti
com Dirk Bogarde, Silvana Mangano, Marisa Berenson, Romolo Valli, Mark Burns, Carole André, Leslie French, Franco Fabrizi, Dominique Darel, Antonio Appicella, Sergio Garfagnoli e Bjorn Andresen
Luchino Visconti |
Trailer
Cena
Cena
Cena
Cena
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Cena final
"Symphony No. 5 in C Sharp Minor: IV. Adagietto (Sehr langsam)" / Gustav Mahler
Making Of - Bjorn Andresen
Gostei da matéria e da seleção de vídeos.
ResponderExcluirUma obra prima incontestável.
Abraço.
Que legal Rodrigo!
ExcluirEsse é um filme que me acompanha pela vida toda, assim como o livro.
Uma obra de arte eterna do Visconti.
E do Mann! hehe
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